Mensagem ao Radioamador Brasileiro
Publicado 05. May, 2000 por PU2LAA - Junior Zappia como Artigos
Por PY2CRI – D´orssay Luize | |
A necessidade inerente aos seres humanos de se comunicar o mais rápido possível levou, em 1935, Samuel Morse a criar um código, que através da interrupção da corrente elétrica com intervalos curtos (pontos) e longos (traços) tornaria possível a comunicação remota entre indivíduos, nascendo a telegrafia, em inglês CW. Este código em homenagem ao seu criador é denominado Código Morse. Com a criação em 1906, nos Estados Unidos da América, de uma rede telegráfica costeira para tráfego operacional, seus operadores, em momentos de folga, a usavam para conversação informal. Esta atividade cada vez mais intensa podemos citar como o inicio das atividades radioamadorísticas em telegrafia. A comunicação através da palavra humana utilizando as ondas eletromagnéticas de radio foi inventada pelo brasileiro Padre Roberto Landell de Moura. Convém citar que o rádio inventado pelo italiano Gugliermo Marconi só transmitia e recebia sinais de telegrafia, aqueles criados por Morse. Alguns autores citam que o gaúcho Landell de Moura começou suas experiências a partir de 1893/4 ainda não comprovado, porém comprovadamente efetuou uma demonstração publica acompanhada, inclusive, por autoridades estrangeiras, no dia 03 de junho de 1900, na cidade de São Paulo, feito noticiado pelo “Jornal do Comercio” de 10 de junho de 1900: “No domingo próximo passado, no alto de Santana, cidade de São Paulo, o Padre Landell de Moura fez uma experiência particular com vários aparelhos de sua invenção, no intuito de demonstrar algumas leis por ele descoberta no estudo da propagação do som, da luz e da eletricidade através do espaço (…), as quais foram coroadas de brilhante êxito (…) assistiram a esta prova, entre outras pessoas, o Sr. P.C.P. Lupton, representando o Governo Britânico e sua família“. As autoridades brasileiras de então e a imprensa não deram valor as experiências de Landel de Moura. Como foi ressaltado pela imprensa no jornal “La voz de Espana”, editado em São Paulo, do dia 16 de dezembro de 1900.Isto, porém nada o desanimou, sendo que em 09 de março de 1901 obteve para seus inventos a patente brasileira n 771.917, do “The Patent Office of Washington”, para um transmissor de ondas, em 22 de novembro de 1904, patente n 775.337 para um telefone sem fio e a de n 775.846 para um telégrafo sem fio. As anotações feita por Roberto Landell de Moura por ocasião de seus estudos e experimentos foram minuciosamente estudadas pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da antiga Telebrás, hoje Fundação CPqD, tendo concluído pela validade de suas teorias. Este centro leva o nome de Padre Landell de Moura. Os originais destas anotações estão guardados no Museu Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Seus estudos e seus inventos levaram a aparecer outros brasileiros que desejavam transmitir e receber voz emitida de locais cada vez mais distantes. Surgem dessa forma os primeiros radioamadores e por não ser uma atividade regulamentada eram considerados clandestinos. São Paulo e Rio de Janeiro foram os primeiros estados do Brasil a possuírem radioamadores, seguidos pelo Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Pará. Pesquisas nos indicam que o primeiro radioamador brasileiro foi Lívio Moreira, em 1909. Ele era telegrafista profissional do departamento de Correios e Telégrafos. Usava o indicativo SB-3IG. Mais tarde em 1922 surgiu Demócrito Seabra, que usava o indicativo SB-2AJ. Seu cartão ostentava as letras WS, abreviatura de “Wireless Station”, nome pelo qual eram denominadas as estações que operavam a bordo de navios. Pouco antes de Demócrito surgiu José Jonotskoff de Almeida Gomes, que operou a estação de broadcasting da Westinhouse, instalada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, de onde transmitiu, em 1922, numa demonstração, para o recinto da exposição do Centenário de Independência do Brasil. Verificamos que o radioamadorismo existia no Brasil desde 1909, mas não era regulamentado, naquela época eram perseguidos pelas autoridades, por serem considerados clandestinos em uma atividade que era considerada privativa do Estado, particularmente das Forças Armadas. Em 05 de novembro de 1924, ou seja, exatamente há setenta e sete anos passados, o Governo Brasileiro pelo decreto n 16.657, que passou a legislar sobre o Serviço de radioamadorismo, reconhece o radioamadorismo, tirando da clandestinidade os seus praticantes e obrigando-os a submeter-se a exames para obter a licença. Os primeiros exames foram realizados pelo antigo Departamento de Correios e Telégrafos em janeiro de 1925, no Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1926, em São Paulo. Na década de trinta surgem no Brasil duas entidades reunindo estes praticantes: uma em São Paulo e outra na capital da República, o Rio de Janeiro, sendo que em 02 de fevereiro de 1934 estas se uniram e foi criada a Liga de Amadores Brasileiros de Radioemissão – LABRE, hoje confederação Brasileira de Radioamadorismo, como legítima e única representante dos radioamadores brasileiros, tanto no âmbito nacional como internacional, até os dias de hoje. Em 29 de junho de 1943, pelo decreto lei n 5.629, o governo brasileiro considerando o trabalho desenvolvido por esses obnegados concidadãos, que sempre que são chamados a colaborar estão prontos não medem esforços para melhor o fazer, considera os radioamadores reservistas do Exercito e da Aeronáutica, reserva especial das Forças Armadas, dando lhes algumas regalias e considerando a sua entidade, a LABRE, como Associação Civil de Utilidade Pública. Os tempos passam, as ciências evoluem, mas os radioamadores continuam a ser aqueles experimentadores científicos e de suas atividades novos inventos vem trazer melhorias para a humanidade. O correio eletrônico da Internet de hoje nada mais é que uma decorrência das rudimentares estações de “packet radio”, ou simplesmente estações de rádio pacote. Muitos gostam de afirmar que a evolução da informática fez diminuir o desenvolvimento do radioamadorismo, não somos seguidores desta afirmativa, muito pelo contrário, aceitamos dizer que esta evolução veio complementar a atividade radioamadorísticas. O dia 05 de novembro foi escolhido para ser o Dia do Radioamador Brasileiro por decisão unânime do antigo conselho Federal da LABRE, como preito de gratidão ao presidente Arthur Bernardes pelo seu decreto de 1924. Radioamadorismo é Ciência, Esporte e Cultura Ciência : pelos constantes estudos, experimentos e pesquisas dos seus praticantes e, principalmente, pela difusão ininterrupta e constante de seus resultados no nosso próprio meio e mesmo no mundo cientifico. Esporte : pelas diversas competições existentes, seja em âmbito municipal, estadual, nacional ou internacional, ocasião em que se confrontam esportiva e lealmente indivíduos de todas as camadas sociais e profissionais das sociedades nacional e internacional. Não se espantem se em breve o radioamadorismo vier a se constituir em uma das modalidades olímpicas. Cultura : pela troca constante de informações das mais diversas naturezasentre seus praticantes, sem, contudo serem abordados assuntos religiosos, políticos e comercias, salutar entretenimento em que fala sobre a sua localidade (bairro, município, região e país), sua gente, seus costumes, sua língua, seus divertimentos, seus monumentos, seus fatos históricos, sendo que no passado, juntamente com sua co-irmã portuguesa, a Rede de Emissores Portugueses – REP, a LABRE instituiu um maravilhoso diploma comemorativo dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, com a colaboração do Senado Brasileiro. Podemos afirmar que os praticantes do radioamadorismo são a melhor e a mais barata mão-de-obra que o país pode contar para complementar ou mesmo suprir as suas necessidades de comunicações, haja visto a recente portaria n 302, de 24 de outubro próximo passado, do Ministério da Integração Nacional criando a Rede Nacional de Emergência de Radioamadores – RENER, como parte integrante do Sistema Nacional de Defesa Civil – SENDEC, que breve será regulamentada. Para tal foi criado um grupo de estudo constituídos por integrantes da Defesa Civil e da LABRE. Sinto-me envaidecido de estar aqui representando a única entidade reconhecida nacional e internacionalmente como a legítima representantes dos radioamadores brasileiros, a LABRE, em nome da qual agradeço a gentileza dos Excelentíssesmos Senhores Senadores Deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo que com esta sessão solene homenageiam aqueles que tem como sentimento maior a preocupação no servir, sendo a sua máxima “QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR, NÃO SERVE PARA VIVER”. Salve o BRASIL. Salve a LABRE. Salve os Radioamadores Brasileiros. Assim se expressam os antigos radioamadores ao término de suas transmissões. |